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2° Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Tendências temporais e implicações ético-clínicas na coleta de citologia oncótica em crianças e adolescentes: uma análise ecológica no contexto brasileiro entre 2019 e 2023.

Introdução

A citologia oncótica é essencial na detecção do câncer do colo uterino, causa importante de morbimortalidade em mulheres. Realizada pela coleta de células cervicais, visa reconhecer lesões precursoras ou neoplásicas, permitindo terapias eficazes. Indicada para mulheres a partir dos 25 anos de idade com atividade sexual e não recomendada em crianças e adolescentes devido ao baixo risco de malignidade e a resolução espontânea das lesões que ocorre na faixa etária. Nessa, além de não proporcionar benefícios substanciais à saúde, o exame pode gerar resultados falso-positivos, ansiedade e intervenções invasivas injustificadas.

Objetivo

Analisar o número de registros de coleta de citologia oncótica como rastreamento em pacientes com 0 a 19 anos, no Brasil, durante os anos de 2019 a 2023 a partir de tendências temporais, variações regionais e positividade para lesões.

Método

Estudo ecológico retrospectivo substanciado pelos dados do PAINEL ONCOLOGIA/TABNET, com registros de coleta da citologia como rastreamento e coletas positivas para lesões de baixo e alto grau e carcinoma epidermoide invasor em crianças e adolescentes (0-19 anos) no Brasil, de 2019 a 2023. A partir de técnicas estatísticas, foram identificadas tendências temporais e variações regionais.

Resultados

Foram realizadas 1.215.154 coletas. Em 2023, 250.015; em 2022, 225.136; em 2021, 232.363; em 2020, 173.806; em 2019, 333.834. Distribuição por região: Nordeste, 461.737 registros; Sudeste, 303.045; Sul, 246.650; Centro-oeste, 100.382; Norte, 103.310. Foram 21.612 resultados positivos; em 2023, 4.347; em 2022, 3.974; em 2021, 4.187; em 2020, 3.089; em 2019, 6.015.

Conclusão

Nota-se números importantes e variação geral de aumento das coletas de citologia oncótica em pacientes com 0-19 anos no período, com pico em 2019, queda em 2020 e subsequentes aumentos nos anos seguintes. A maior amostra registrada foi no Nordeste, seguido pelo Sudeste, e o Norte com menor número de registros. Sobre a positividade, como previsto, lesões de baixo e alto grau e o carcinoma epidermoide ocupam baixa porcentagem – cerca de 1,78%. Considerando que o exame em crianças e adolescentes não é indicado devido à raridade de casos de câncer de colo uterino na faixa, é possível inferir que muitas dessas lesões detectadas provavelmente possuem resolução espontânea. Assim, reforça-se a importância de diretrizes claras e do uso criterioso dos recursos, evitando terapias invasivas e sofrimento desnecessário em uma população que os benefícios do rastreamento são incertos.

Área

Epidemiologia

Categoria

Categoria Médico

Autores

Matheus Oquendo Martins dos Santos, Geovanna Vitória Da Crux Xavier Silva, Maria Paula Oquendo Martins dos Santos, Raulênio Santos de Araújo