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2° Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Distribuição espaçotemporal da mortalidade por leucemias linfoides em crianças e adolescentes no Brasil de 2000 a 2021 e indicadores de vulnerabilidade social: um estudo ecológico analítico misto

Introdução

As leucemias são os cânceres pediátricos mais comuns. Indicadores socioeconômicos (IS) estão envolvidos no seu desfecho mas sua distribuição espacial neste contexto ainda não é entendida no Brasil.

Objetivo

O objetivo deste estudo é realizar uma análise espaçotemporal da mortalidade pediátrica por leucemias linfoides (LL) nos últimos 22 anos no Brasil por estados, definir os fatores associados e calcular seu impacto neste desfecho.

Método

Este é um estudo ecológico da população de 0-19 anos de cada estado brasileiro no período de 2000-2021. Esta população foi dividida em 4 grupos etários: I0 (0-4), I1 (5-9), I2 (10-14) e I3 (15-19 anos). Os dados de mortalidade foram obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) para cálculo da taxa de mortalidade específica por idade (ASMR). Dez variáveis exploratórias foram selecionadas e agrupadas por meio da análise de componente principal (PCA). O pacote RStan foi utilizado para a análise espaçotemporal. O coeficiente (k) de cada componente da PCA e o efeito espacial latente (Φ) representam seu impacto sobre a ASMR. Os resultados tem IC=90%.

Resultados

A ASMR foi maior nos estados das macrorregiões norte (N) e nordeste (NE) em todas as idades e anos. Nas I1 e I2, a ASMR reduziu de 2000-2021 (I1: min=0; max=4,50 e min=0; max=1,95; I2: min=0; max=7,61 e min=0; max=1,68). A PCA originou 3 componentes, interpretados como: C1-crescimento econômico e do mercado de saúde; C2-abrangência da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e C3-políticas de saúde em outros níveis assistenciais. Na I1, kC1 diminuiu no sul e sudeste e aumentou no N e NE. kC2 aumentou no N na I1. Na I0, kC3 teve impacto negativo sobre a ASMR no Amazonas até 2005 e positivo a partir de 2015. O impacto negativo de Φ é maior nos estados do N e NE e este coeficiente perde a significância estatística quando controlado pelos componentes da PCA.

Conclusão

A ASMR diminuiu na população de 5-15 anos nos últimos 22 anos e se manteve maior nos estados com piores IS. Esta desigualdade não é explicada unicamente pelo efeito espacial, mas pelo efeito dos IS. O impacto negativo de C1 sobre a ASMR diminuiu nos estados com melhores IS e aumentou nos com piores IS, evidenciando diferentes fases da transição epidemiológica e eficácia do sistema de saúde. A ESF aumentou seu impacto negativo nos estados da região N, sugerindo menor subregistro de mortes. Políticas de saúde ligadas à infecção pelo vírus HIV correlacionaram-se com a redução da ASMR no Amazonas, necessitando investigações futuras.

Área

Epidemiologia

Categoria

Categoria Médico

Autores

Bárbara Sarni Sanches, Ciana Duque Estrada Botelho, Isadora Lima Oliveira, Nathalia Lopez Duarte, Marcelo Gerardin Poirot Land